🚗 Lead Automotivo Técnico
O Bugatti EB110 Super Sport chassis 39012, exemplar produzido em 1994 e com apenas 1.017 km rodados, volta a ser estrela do leilão oficial do 74º Pebble Beach Concours d’Elegance, conduzido pela Gooding & Christie’s em 15-16 de agosto de 2025, durante a Monterey Car Week, na Califórnia.
Avaliado entre US$ 3 milhões e US$ 3,5 milhões, o hipercarro tem pedigree para ultrapassar os US$ 3,167 milhões pagos em 2022 – até hoje o maior valor já arrematado por um EB110 em um martelo.
Construído na fábrica de Campogalliano, Itália, um dos apenas ~30 Super Sport dos 136 EB110 fabricados, o cupê quad-turbo ostenta monocoque de carbono, tração integral permanente e carroceria assinada por Giampaolo Benedini, marcando a retomada da marca após meio século de hibernação.
⚙️ Especificações do Powertrain
Informações da fonte confirmam o motor V12 de 602 bhp (aprox. 595 cv) com quatro turbocompressores e intercoolers, ligado a sistema de tração integral.
Baseando-se em dados históricos amplamente publicados sobre o EB110 – sempre preservando distinção clara entre fatos da fonte e contexto adicional – trata-se de um 3,5 litros V12 em ângulo de 60°, cabeçotes de cinco válvulas por cilindro (três de admissão e duas de escape) e injeção eletrônica multiponto Magneti Marelli.
A sobrealimentação é fornecida por quatro turbos IHI de fluxo simples, que trabalham em pares a baixa e alta rotação para minimizar lag e entregar pressões superiores a 1,05 bar.
A taxa de compressão, segundo fichas técnicas históricas, é de 8,0:1, permitindo operação estável sob alta pressão de sopro.
A transmissão manual de seis marchas, com diferencial central viscoso, divide 27% do torque para o eixo dianteiro e 73% para o traseiro, configuração típica da Bugatti para equilibrar tração em pisos irregulares sem comprometer a direção esportiva.
🏁 Performance e Dinâmica
Conforme declarado originalmente pela Bugatti em Genebra/1992 e reiterado pela fonte, o EB110 Super Sport acelera de 0–100 km/h em 3,26 s e atinge 351 km/h (218 mph) de velocidade máxima, números que o credenciaram como carro de produção mais veloz do mundo na época.
Para efeitos de comparação, o rival contemporâneo McLaren F1 (1993) só superaria essa marca no fim de 1998 com 386 km/h, porém com motor V12 aspirado de 627 cv.
A aerodinâmica do EB110, desenvolvida em túnel de vento da CST Modena, gera coeficiente de arrasto (Cd) de cerca de 0,34 – valor elevado para padrões atuais, mas equilibrado por alto downforce via asa traseira ativa.
O chassi monocoque de fibra de carbono, fabricado pela Aérospatiale segundo padrões aeronáuticos, pesa 125 kg e confere elevada rigidez torcional (42.000 Nm/°), permitindo suspensões duplo-A em alumínio forjado com amortecedores Bilstein multirreguláveis.
🎨 Design e Dimensões
A unidade 39012 sai do padrão azul francês habitual e surge no raro Grigio Chiaro Metallizzato, tonalidade cinza-claro metálica que valoriza as linhas angulosas concebidas por Benedini após a saída de Marcello Gandini.
O interior, fiel à configuração de fábrica, combina couro preto, painéis em alumínio usinado e detalhes em fibra de carbono aparente. Embora a fonte não apresente dimensões exatas, fichas homologadas ABNT/1994 indicam 4.404 mm de comprimento, 1.940 mm de largura, 1.125 mm de altura e entre-eixos de 2.550 mm.
O peso em ordem de marcha para o Super Sport foi reduzido de 1.620 kg (versão GT) a aproximadamente 1.450 kg graças à substituição de vidros por policarbonato nos painéis laterais e remoção de itens de conforto como isolamento acústico adicional.
📱 Tecnologia e Conectividade
Por se tratar de um hipercarro dos anos 1990, recursos de conectividade atuais não se aplicam. Entretanto, para a época, o EB110 já oferecia instrumentação digital-analógica híbrida, gerenciamento eletrônico completo do powertrain via três unidades
ECU independentes (injeção, ignição e turbocompressores) e sistema de diagnóstico interno, precursor dos atuais OBD-II.
O selector anodizado no console central permitia escolher entre dois mapas de gestão térmica do sistema de refrigeração para uso em pista ou estrada.
🛡️ Segurança e Equipamentos
Embora não existissem protocolos Latin NCAP ou Euro NCAP para hipercarros então, a Bugatti equipou o EB110 com estrutura deformável dianteira em alumínio extrudado, barras de impacto laterais em aço de alta resistência e freios Brembo CCM com discos ventilados de 332 mm na frente e 300 mm atrás,
complementados por ABS de três canais Bosch de última geração na época. Airbags frontais ainda não estavam presentes em superesportivos europeus de 1994, mas cintos inerciais de três pontos e assentos concha com estrutura de compósito forneciam retenção adequada em forte desaceleração.
💰 Preços e Comercialização
A Gooding & Christie’s estipula lance estimado entre US$ 3 milhões e US$ 3,5 milhões (cerca de € 2,2-2,6 milhões) para o leilão de 15 agosto 2025 no Parc du Concours, Pebble Beach. Esse valor supera a etiqueta de US$ 3,167 milhões alcançada pela mesma casa em 2022, recorde mundial de venda de um EB110.
À época de lançamento, o Super Sport custava aproximadamente 285.000.000 liras italianas (equivalentes a US$ 350.000 em 1994), valor que já o posicionava acima de Ferrari F40 e Lamborghini Diablo.
Em ajuste inflacionário (CPI-US), esse montante corresponde a cerca de US$ 750.000 em 2025, demonstrando valorização real de mais de 300%.
📅 Disponibilidade e Estratégia
O lote será apresentado no primeiro dia de leilão (15/08/2025) e inclui ferramentas originais, manuais, folhetos promocionais, catálogo de peças, documento de exportação suíço e relatório de manutenção.
Segundo a Gooding & Christie’s, a estratégia é atrair colecionadores que priorizam quilometragem ultra-baixa e histórico documental íntegro, diferencial que tem impulsionado hipercarros dos anos 1990 acima de US$ 3 milhões – segmento que também engloba McLaren F1, Ferrari F50 e Porsche 911 GT1 Strassenversion.
🏭 Produção e Desenvolvimento
A fábrica de Campogalliano, concebida por Romano Artioli, contava com autoclaves de grande porte para cura dos painéis de carbono, laboratórios anecoicos e pista de testes interna, algo inédito para um fabricante boutique.
Entre 1991 e 1995, somente 136 unidades do EB110 deixaram a linha, das quais cerca de 30 eram Super Sport – proporção confirmada pela fonte.
O fechamento da fábrica em setembro de 1995, após crise financeira gerada pela recessão europeia e câmbio desfavorável, encerrou prematuramente a operação, fazendo do EB110 o elo perdido entre a era original de Ettore Bugatti e a posterior aquisição do nome pela Volkswagen, que lançaria o Veyron em 2005.
🔮 Conclusões Técnicas
Baseando-se nas informações técnicas disponíveis e conhecimento especializado do segmento, o Bugatti EB110 Super Sport 1994 chassis 39012 reúne atributos raros: produção limitadíssima, quilometragem de veículo de museu, paleta de cor singular e histórico de colecionadores de renome no Japão, Suíça e Estados Unidos.
Somado ao legado de ser o primeiro hipercarro em fibra de carbono com tração integral permanente e motor V12 quad-turbo, o modelo segue altamente desejado.
O valor estimado para 2025 reflete não só a inflação do mercado de clássicos exóticos, mas também a tendência de colecionadores priorizarem originalidade e baixa utilização.
Se superar a própria marca de 2022, o EB110 reafirmará a escalada de hipercarros pré-2000 como ativos de investimento de altíssimo padrão, consolidando o renascimento da Bugatti como a mais bem-sucedida história de ressurreição automotiva da era moderna.

Imagem: classicandsportscar.com