Em um exercício de restauração que alia respeito ao DNA “Fairlady Z” e ousadia estética, a JBZ Classics concluiu um Datsun 240Z Série 1 1970 concebido para ser vitrine ambulante dos produtos de polimento metálico da Renegade Products USA.
O cupê japonês recebeu conjunto motopropulsor L28 carburado por trios Mikuni de 40 mm, carroceria alargada pelo kit Ztrix G-Nose, suspensão reforçada T3 e pintura House of Kolor Kameleon FX que alterna tons de vermelho e dourado sob diferentes incidências de luz.
Mais do que restauro, trata-se de um “restomod” que equilibra autenticidade histórica, performance aspirada old-school e atenção quase artesanal a cada superfície metálica.
⚙️ Especificações
Informações da fonte deixam claro que o motor original L24 (2,4 L) deu lugar a um L28 (2.753 cm³) de seis cilindros em linha, bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio OHC, configuração típica dos últimos 280Z. A preparação apostou em:
• Carburadores Mikuni PHH 40 mm (três corpos duplos) – solução que mantém resposta instantânea, favorece regimes elevados e potencializa o clássico ronco mecânico aspirado.
• Distribuidor e alternador Kameari – conjuntos japoneses reputados por estabilidade de avanço e confiabilidade elétrica em alta rotação.
• Sistema de alimentação com célula de combustível Radium – além de reduzir peso, garante suprimento constante mesmo em freadas fortes, ponto crítico em circuitos.
• Escape Mancini Motorsports 3” em aço inox – diâmetro generoso para reduzir contrapressão após preparação de fluxo.
• Radiador alumínio Mishimoto + duplo eletroventilador SPAL – melhora a troca térmica e suporta uso severo em track day.
• Transmissão manual de relações curtas (close-ratio) de 5 marchas – mantém o seis-em-linha dentro da faixa de torque máximo por mais tempo.
Baseando-se nas informações técnicas disponíveis e conhecimento especializado do segmento, um L28 aspirado com carburadores de fluxo livre costuma entregar algo entre 200 e 230 cv (SAE), contra os 151 cv originais do bloco L24.
O torque sobe para a casa de 25 kgfm, com pico acima de 5.500 rpm, mantendo a alma giradora que sempre definiu os Z da primeira geração.
🏁 Performance e Dinâmica
A fonte não divulga tempos oficiais, mas é possível contextualizar: um 240Z de série fazia 0-100 km/h em torno de 8,0 s e cravava perto de 200 km/h. Com o ganho estimado de 40-50 % em potência, peso
contido (aprox. 1.050 kg mesmo com reforços) e relações de transmissão mais curtas, é plausível projetar acelerações na faixa dos 6,5 s até 100 km/h e velocidade de topo que pode superar 220 km/h, dependendo do diferencial utilizado.
O chassi monobloco original foi modernizado com componentes T3 (Techno Toy Tuning) – braços de controle, suporte de diferencial e cremalheira de direção – que substituem buchas de borracha por uniballs, reduzem flexão e permitem ajustes finos de cáster e cambagem.
Na suspensão dianteira, mantém-se o arranjo McPherson, enquanto a traseira independente por braços semiarrastados ganha reforços estruturais, preservando a geometria clássica porém com tolerâncias mais próximas de um carro de competição leve.
Para convergir potência e comportamento, a receita inclui rodas de 17” Love20bee, calçadas em pneus de perfil baixo (medidas não divulgadas, mas tipicamente 225/45 R17) que aumentam área de contato e reduzem deriva lateral.
Os freios Wilwood, com pinças de alumínio e discos ventilados, elevam a capacidade dissipada em relação aos tambores originais traseiros e discos sólidos dianteiros que equipavam o modelo em 1970.
🎨 Design e Dimensões
O visual combina autenticidade e agressividade. O kit Ztrix Subtle Widebody G-Nose alonga o capô e integra o famoso bico afilado inspirado nos protótipos de Le Mans, sem comprometer as linhas de Yutaka Katayama.
Os para-lamas alargados adicionam poucos centímetros a cada lado – mudança moderada que garante espaço para rodas maiores, mas mantém proporção original (comprimento ~4.115 mm e largura estimada em 1.730 mm, ante 1.690 mm do Série 1 de fábrica).
Ponto alto é a pintura House of Kolor Kameleon FX, pigmento tricromático que alterna vermelho, dourado e nuances de laranja conforme ângulo e intensidade luminosa.
A tecnologia usa flocos de mica revestidos que refratam a luz, enfatizando chapas meticulosamente polidas – vitrine ideal para os abrasivos e massas de lustro da Renegade Products.
No interior, bancos Recaro reestofados por Rogelios Upholstery oferecem suportes laterais mais pronunciados que os assentos de encosto baixo originais.
Volante Momo Vintage (vendido pela Datsun Garage) de três raios e aro de madeira resgata estilo setentista, enquanto painel e console receberam delete plates Skillard para simplificar o layout.
Detalhes em Ultem âmbar – pomo de câmbio, tampa de óleo e puxadores de porta by Lonely Driver – adicionam toque artesanal e térmico ao habitáculo.
📱 Tecnologia e Conectividade
Como convém a um restomod de inspiração analógica, recursos digitais ficam restritos ao essencial. Não há centrais multimídia ou instrumentação eletrônica; conta-giros e velocímetro continuam analógicos, mas é possível que tenham sido recalibrados para a nova relação de diferencial.
Caso o carro venha a ser nacionalizado ou trafegue em ambientes urbanos atuais, seria recomendável adicionar módulo OBD retrofit para leituras em tempo real, mas o proprietário preferiu manter a experiência purista.
🛡️ Segurança e Equipamentos
Além do upgrade de freios Wilwood, o Z conta com bateria Antigravity fixada em suporte Bracketboyz com chave geral (“kill switch”), essencial para manutenção em eventos e para corte rápido de corrente em emergências – prática comum em competições SCCA.
A célula de combustível Radium substitui o tanque metálico de 60 L original, reduzindo risco de vazamento em colisões traseiras.
Estruturalmente, não foi citada gaiola, mas a rigidez ganha com componentes T3 e pneus de perfil baixo já eleva significativamente o limite lateral.
Cintos de três pontos devem ter sido mantidos, mas muitos proprietários adotam harnais de quatro pontos em track-days – item que pode ser acrescido sem descaracterizar o interior.
💰 Preços e Comercialização
A fonte não divulga valor investido nem intenção de venda, portanto qualquer cifra seria especulação. No mercado norte-americano, um 240Z Série 1 em bom estado ultrapassa US$ 40 mil; restaurações de alto padrão podem dobrar essa cifra antes mesmo dos upgrades de performance.
Para projetos “restomod” com catálogo de peças premium, não é raro ver cifras acima de US$ 150 mil (cerca de R$ 750 mil) apenas em partes e mão de obra especializada – sobretudo quando a execução serve como mostruário corporativo, como neste caso.
📅 Disponibilidade e Estratégia
Sem cronograma de produção em série. A unidade única serve como veículo-conceito itinerante da Renegade Products USA, devendo marcar presença em salões de detailing, encontros JDM e feiras de aftermarket. O proprietário indica interesse futuro em projetos europeus (BMW 2002, Jaguar XJ6), mas nada confirmado.
🏭 Produção e Desenvolvimento
A responsabilidade pela montagem coube à JBZ Classics, oficina norte-americana com histórico em plataformas Nissan S30 e Toyota Celica A20.
O trabalho envolveu desmontagem total, jateamento de carroceria, troca de painéis corroídos, soldagem de reforços pontuais e nova fiação.
A meta era “elevar sem descaracterizar”, mantendo parafusos JIS aparentes e cadência de montagem semelhante à linha de Oppama nos anos 70, mas aplicando tolerâncias de funilaria modernas (<2 mm entre vãos de painel). 🔮 Conclusões Técnicas Combinando peças period-correct e soluções de competição, o Datsun 240Z Série 1 da JBZ Classics ilustra como restomods podem servir simultaneamente à preservação histórica, à evolução de desempenho e ao marketing de produto.
O L28 carburado por Mikuni mantém a sonoridade metálica que consagrou o Z nas pistas IMSA, enquanto o chassi recebe fundamento de geometrias contemporâneas sem recorrer a swaps turbocomprimidos ou eletrônica invasiva.
Do ponto de vista de engenharia, destaca-se o balanço entre leveza original (pouco acima de 1 t) e robustez de refrigeração, freios e suspensão, equacionando confiabilidade para track-days com usabilidade em cruzeiro — mérito também do câmbio de cinco marchas close-ratio que mantém a agilidade sem sacrificar consumo em rotações moderadas.
A pintura Kameleon, embora essencialmente estética, reforça a proposta comercial: cada raio de sol evidencia a qualidade do polimento, transformando o carro em “prova viva” da eficácia dos compostos Renegade.
Para o cenário brasileiro de clássicos importados, um projeto nesses moldes demandaria atenção às normas do Contran (Res. 292 para alteração de característica), homologação de freios e controle de emissões do Proconve L-8 caso o veículo viesse a rodar em vias públicas.
Ainda assim, serve de referência a entusiastas que buscam modernizar ícones sem recorrer a swaps V8 ou eletrificação, demonstrando que a essência de um bom seis-em-linha aspirado, afinada com engenharia detalhista, continua tão relevante quanto em 1970.